Recebi esta bela oração atribuída a Gandhi.
Chamou-me a atenção o trecho central, onde se pedem virtudes complementares. Fortuna com razão, sucesso com humildade e humildade com dignidade.
O autor não teme apenas ser bem sucedido e perder a humildade, mas possuir humildade ao custo da dignidade.
Não compreendi, num primeiro momento, como seria possível conceber a humildade despida da dignidade. Exaltada como excelência entre os bons atributos do espírito, é instigante ver a preocupação da prece em pedi-la na justa medida da dignidade.
Não foi me demorando na reflexão passiva que apreendi o sentido do texto, mas numa caminhada. É cena corriqueira sermos abordados na rua por aquele mendigo que nos pede alguns trocados. No seu olhar tardio e na sua fala baixa há uma indiscutível e indesejável humildade. A humildade de quem foi atropelado pela vida ou pela própria incapacidade de reagir à sua condição.
Acredito que Gandhi falava disso quando pedia humildade com dignidade.
Com efeito, a humildade está presente em muitos apenas como resquício da dignidade perdida.
Nós leões nos deparamos com essa condição em nossas atividades, principalmente as filantrópicas. Em quase todos os olhares necessitados, apresenta-se uma humildade servil, machucada. As pessoas são humildes, mas perderam sua dignidade, adestradas que foram pelo adverso.
Refletindo sobre isso, acredito que nossas ações voltadas às pessoas necessitadas devem ser imbuídas de um "solavanco". Não podemos apenas satisfazer a carência daqueles que precisam. Temos que ousar conclamá-los a recobrar sua dignidade, a levantar os olhos sem medo ou atrevimento, mas com a consciência de que a dignidade é um atributo do qual ninguém pode se despir. É condição íntima que dá sentido e sabor a todas as outras virtudes e propicia as verdadeiras mudanças sociais.
Um abraço a todos!